Comunicação não violenta na vida profissional: que tal tornar o ambiente de trabalho mais saudável?

Pare para pensar: qual foi a última vez que alguém tentou fazer você se sentir mal para conseguir o que queria, ou qual foi a última vez que você fez isso com alguém? Imposições são desagradáveis em qualquer situação, e podem ser até invasivas, mas hoje vamos focar no ambiente de trabalho. Como usar a comunicação não violenta na vida profissional para fugir de interações e relações tóxicas?

Embora sejamos capazes de reconhecer (e evitar) a agressividade verbal explícita, como xingamentos e gritos, ainda há muita violência naturalizada em nossa comunicação interpessoal. São rotineiras as tentativas de controle das ações alheias por meio de ironias, exigências, chantagens e juízos de valor, entre outros.

Nem sempre somos diretos. Às vezes, disfarçamos essas alfinetadas, tentando provocar o incômodo necessário para conseguir o que queremos sem ter de lidar com reações mais assertivas. Esse comportamento deixa o ambiente de trabalho pesado e, além disso, pode ser até abusivo, especialmente se partir de alguém numa posição superior, ou seja, de um chefe para um subordinado.

Em contrapartida a isso, o psicólogo Marshall B. Rosenberg desenvolveu, na década de 60, o conceito de comunicação não violenta, também conhecida como empática ou compassiva, que busca estimular relações mais conectadas, diálogos mais humanos e um uso de palavras mais consciente.

Como aplicar a comunicação não violenta na vida profissional?

Essa abordagem apoia-se em quatro componentes – observação, sentimento, necessidade e pedido. A ideia é evitar juízos de valor, mas se expressar de forma firme e, ao mesmo tempo, empática. Veja exemplos:

“Reparei que você tem deixado as luzes do banheiro acesas (observação). Fico preocupado (sentimento) porque a conta pode vir muito alta e precisamos economizar (necessidade). Poderia apagar as luzes ao sair (pedido)?”

“Parece que você tem tido dificuldade para cumprir os prazos nas últimas semanas (observação). Me sinto aborrecido (sentimento) porque preciso da sua atividade para finalizar a minha (necessidade). Tente respeitar o cronograma, por favor (pedido).”

Assim, você foca no ato em vez de rotular quem o pratica.

“Deixa as luzes acesas” em vez de “você é desatento”.

“Não tem cumprido os prazos” em vez de “você é negligente”.

Com isso, seu discurso se torna mais gentil, sem agressividade. Ao mesmo tempo, você se apropria do seu sentimento, em vez de atribuí-lo ao outro: “Fico preocupado” em vez “Isso me irrita”, “Me sinto aborrecido” em vez de “Você me aborrece”. Além disso, expressa sua necessidade e seu pedido clara e diretamente, sem ironias ou constrangimentos.

Numa situação como a do último exemplo, você pode até oferecer ajuda! Mas só se realmente puder e estiver disposto.

Explicamos um pouco melhor os quatro pilares da comunicação não violenta no post “CNV: partindo do zero”. Confira!

Mas não se esqueça…

A comunicação não violenta não é sobre se anular para evitar conflitos.

Pelo contrário, os conflitos também são parte importante de relacionamentos saudáveis! E ainda podem ser motor para a inovação, o que é sempre interessante no trabalho, né? Comunicação não violenta é sobre se posicionar de forma assertiva e humana nesses conflitos.

E comunicação não violenta também é sobre segurança, e isso é fundamental não só para o bem-estar dos colaboradores, como para o próprio trabalho. Afinal, onde você acha que vai produzir mais: num lugar em que tem receio de ser ridicularizado e silenciado ou num em que se sente seguro para expressar suas ideias e necessidades?

Comunicação não violenta na vida profissional.

Uma andorinha só não faz verão: a CNV e o outro

Aplicar a comunicação não violenta na vida profissional não é fácil. Impor a própria vontade fazendo o outro se sentir mal ainda é um comportamento naturalizado. Foi e é feito conosco, assim tendemos a reproduzir as experiências que sofremos.

É preciso estar disposto a se descontruir e fazer um esforço consciente para resistir ao primeiro impulso e buscar um outro caminho de expressão. Uma boa fonte de estudo são os livros de Marshall Rosenberg, o idealizador da CNV de que falamos no início do post.

E fazer tudo isso para ser retribuído com violência é muito chato, né? Mas siga em frente. Ao nos expressarmos de forma firme, clara e gentil, podemos provocar uma resposta diferente no outro. Podemos ensinar com o exemplo e fazer a nossa parte na construção de relações mais saudáveis.

E, se não for suficiente, vale a pena conversar com a gerência sobre a possibilidade de ações positivas que estimulem a comunicação não violenta no ambiente de trabalho. Fica uma dica que pode te ajudar nessa conversa: empresas bem-sucedidas como a Google e a Microsoft adotam os princípios da CNV!

Veja mais dicas sobre comunicação não violenta no Instagram da Eu Reviso. 😉

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